Sobre estar na frente da câmera e se deixar mudar de posição
Me acostumei a estar por trás da câmera. Não que eu me sinta mal ou incomodada em dias que eu realmente preciso estar na frente, apenas é diferente.
Não, não me incomodo de aparecer. De ser filmada ou fotografada. Não é isso, é apenas um momento que não sou acostumada. A sensação, a direção é tudo tão diferente. Admito, eu domino bem mais a prática de estar por trás da câmera, de ter o controle sobre o que eu estou fazendo – ou de pensar ter. Estar na frente da câmera me tira um pouco da zona de conforto, tira a minha segurança de pensar estar tudo sob o meu controle – e o que isso tem de bom? TUDO!
No meu trabalho eu sei o que estou fazendo. Já consigo fazer cálculos fotográficos de cabeça e ao mesmo tempo dirigir um ensaio. Consigo pegar o momento do beijo e a troca de alianças. Registrar o momento exato do parabéns ou aquele vento no cabelo que é impossível acontecer novamente. Eu realmente sei o que estou fazendo. Do meu jeitinho? Claro, cada um tem o seu jeito de trabalhar, seu estilo, sua identidade.
Por trás da câmera para mim é o meu mundo, meu lugar onde eu me sinto confortável e cada desafio onde eu me vejo precisando estudar mais eu me sinto ainda mais realizada. Assim, eu amo inventar nas fotos, amo estudar constantemente para fazer o melhor que eu puder. Nem sempre é uma zona de conforto, mas é o lugar onde eu já estou acostumada em estar.
De outra forma, estar na frente da câmera muda completamente o meu lugar e posição, muda meu sentimento e minha visão. Me tira da minha zona para a zona do outro. Eu preciso ser resiliente o suficiente para mudar de lugar, inverter alguns papeis e continuar firme e confortável. Essa resiliência tão sonhada é apenas um passo sobre entender o quão importante é se deixar ser vulnerável. Fácil ou simples não é, a vulnerabilidade não é algo completamente belo, mas são momentos e coisas que você precisa passar e resolver com você para se libertar de algo. E isso é incrível, pois te leva para outro lugar onde você também pode ser quem você é.
A gente sempre sabe de coisas que escondemos dentro da gente, sentimentos que forjamos e não queremos admitir. A verdade é que o melhor a se fazer é enfrentar e admitir. Encarar a verdade e resolver.
“This life won’t last long like wind on a stone I see I’m nothing but just salt and dust.”
Não temos nunca o controle de tudo. Nem eu no meu trabalho, nem você no seu. Nem eu com a minha vida e nem você com a sua. Quando nos deixamos mudar de posição o resultado de nossas escolhas sempre vai nos surpreender de alguma forma. Seremos vulneráveis sim, mas com toda certeza iremos caminhar um passo à frente em nossa jornada de vida.
Eu deixei o Dani me filmar e senti a sensação de estar na frente da câmera por algumas horas. Eu mudei de posição e posso te dizer: a vulnerabilidade assusta, mas também pode nos levar para um patamar que antes não conseguíamos enxergar.
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